A XI Conferência de Filosofia da Teixeira Gomes, realizada no passado dia 19 de Fevereiro, contou com uma sala cheia de alunos e professores atentos. Porfírio Silva, o conferencista investigador do Instituto de Sistemas e Robótica, procurou mostrar por que razão o xadrez computacional deve deixar de ser encarado como o melhor exemplo do que é a Inteligência artificial (IA). Baseando-se exclusivamente no recurso intensivo ao processamento de dados, o xadrez computacional não consegue aproximar-se suficientemente do comportamento e das capacidades típicas dos seres humanos. Isto porque, segundo Porfírio Silva, o modelo clássico da IA exemplificado pelo xadrez computacional esquece três aspectos importantes: o corpo, o mundo e os outros. Há, assim, aspectos sociais e institucionais que a IA clássica deixa de fora e que experiências como a do futebol robótico captam com vantagem, no sentido de se aproximarem do comportamento humano inteligente.
Porfírio Silva defendeu que o comportamento humano inteligente é fundamentalmente o resultado de uma história pessoal e social e que, sem uma história assim, dificilmente poderemos dizer que as máquinas podem ter comportamentos tipicamente humanos. Mas daqui não se segue que as máquinas não possam vir a fazer o seu caminho nesse sentido, apesar de estarem ainda muito longe disso.
Mas teremos razões para temer tal coisa? Bom, há seres humanos bem mais temíveis do que máquinas.
Fica um sincero agradecimento a Porfírio Silva.